Então, como prometido, meu texto-teste :D
Espero sinceramente que gostem ♥ Comentem, critiquem, divulguem, etc etc etc: Contos de Bar
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Quando abriu a porta, teve que rapidamente pular para o lado para desviar de uma gazela que fugia de uma leoa a toda velocidade. Naquele momento, fez a decisão mais idiota de toda sua vida.
Entrou na sala.
- Ah, srta. Losina. Seja muito bem-vinda. Sou Paulo, o editor.
- Esse cheiro é de cappuccino?
- Talvez seja, temos uma máquina lá atrás... – antes que ele pudesse terminar de falar, ela já se afastava a passos rápidos. Paulo a seguiu, o rosto franzido.
- Eu aceito sua oferta de emprego. – ela falou, levando um copo descartável e fumegante até os lábios.
- Eu não lhe ofereci emprego, você veio para uma entrevista...
- É mesmo? Então não se preocupe, já disse que eu aceito. Não vai se arrepender de me contratar, sério. Onde é a minha sala?
- Você não terá uma sala...
- Aquela no fim do corredor, sério? Nossa, valeu!
- Mas aquela é a minha sala...!
- Só para mim? Caramba, adoro você, Pedro!
- É Paulo.
- Que seja, dá no mesmo. – ela terminou o cappuccino e se levantou. – Me consiga algum doce, Paula. Vou para a minha sala.
- Não sou sua secretária! E meu nome é Paulo
- Tá, me traga logo o doce, droga. – ele suspirou profundamente e apertou as têmporas.
- Não vou trazer droga de doce nenhum. – a mulher soprou o ar com força e se virou para o editor. Seus olhos chamejavam.
- Aqui tem alguns dos meus textos. – ela largou uma pilha de papéis nos braços do homem. – Já que você quer fazer isso do método convencional... Sei que vai me contratar, então, poderia, por favor!, me trazer um doce? Estou sofrendo de abstinência de sacarose.
- Abstinência de sac... Olha aqui, sua...!
- Muitíssimo obrigada, Paola. Você é um anjo, sabia? – ela sorriu tão maniacamente que ele se sentiu como um cabrito montês no topo do Everest com medo de altura.
- Levarei seu doce, Losina. – o sorriso ficou súbita e instantaneamente angelical. – Mas você não terá a minha sala.
- É o que veremos.
Meia hora depois, quando abriu a porta do seu escritório, ficou cego. Paulo levou as mãos aos olhos e recuou, gritando. A luz era insuportável.
- Pode abaixar, Luana! – ouviu a voz de Júlia. Abriu os olhos e quase foi cegado novamente. Laranja. Sua sala estava laranja. – Patrick! Trouxe o meu doce? – ele largou a sacola na, agora laranja-clara, mesa. Sua boca abria e fechava como se ele fosse um peixe fora d’água.
- O que... você... meu escritório... laranja...
- Gostou? – ela lhe sorriu, radiante, e pegou a sacola. – Achei esse lugar meio baixo-astral, então resolvi dar uma arrumada. E a Lúcia aqui vai jogar luz em cada um que entrar, sabe, para dar o efeito de você ser um superstar supervalorizado. – ele olhou para a estagiária no canto. Ela segurava um potente holofote e um crachá no seu peito dizia claramente que seu nome era Laura.
- Eu fiquei fora menos de meia hora, você não teve tempo...
- O tempo é relativo, Peter. – ela sorriu misteriosamente e arrumou os óculos, que por um segundo refletiram a luz que vinha pela janela e ela pareceu não ter olhos. Ele engoliu em seco. – E o resto são detalhes. Estou terminando um texto aqui, então por favor, me dê licença para apreciar o meu, hm – ela olhou dentro do pacote. – bolo de chocolate. Nossa, você é um gênio, Pierre. Sério mesmo. Lucinda, pegue uma boina e a dê para o Sr. Pierre. Se achar um bigodinho falso, também... – Laura largou o holofote e saiu correndo.
- Muito bem, muito bem! – gritou Paulo, erguendo as mãos. – Eu me rendo, fique com o escritório, mas por favor, não me machuque! – ele se virou para sair correndo, mas deu de cara com uma leoa esfomeada.
- Ah, esqueci de avisar, mas eu achei essa leoa uns 10 minutos atrás e a soltei aqui dentro, sabe, para ela se adaptar. – o grito de Paulo e o próprio sumiram na distância. – Pode tirar a fantasia, Lucrécia, meu bem. – a cara da estagiária era tão mal-humorada que a jornalista começou a rir.